A coordenadoria foi defendida também por outras representantes de entidades do fórum. Para Lúcia Otonelli Crescente, da 17ª Coordenadoria de Saúde, é necessário fortalecer as instâncias que debatem a questão. “Ijuí tem a marca de ser grande nas propostas, na discussão e no encaminhamento das questões de gênero e nós precisamos fortalecer o Fórum Permanente, o Conselho dos Direitos da Mulher e sensibilizar a sociedade e a administração municipal para a necessidade de uma coordenadoria da mulher”, disse. A 1ª dama Gessy Ballin reiterou a disposição do prefeito em implementar a coordenadoria, relembrando que esta é inclusive uma proposta do plano de governo da administração. “O prefeito é sensível a causa e já ordenou a algumas secretarias estudos para viabilizar recursos e uma estrutura para esta coordenadoria”, explicou.
A questão específica referente a qual estrutura deveria estar a disposição desta coordenadoria foi bastante debatida. De maneira geral, o FPM entende que é preciso, independentemente de um local específico ou de uma quantidade de servidores neste órgão, agilizar a sua implementação. “Se a estrutura é o argumento que impede a criação da coordenadoria, eu entendo que antes de mais nada é preciso começar. Precisamos avançar no que é possível e implementar este órgão para que possamos garimpar recursos do Governo Federal e concretamente melhorar o atendimento a mulher no município”, disse a vereadora Rosane Simon. “Considero importantíssima a implementação de uma coordenadoria da mulher, porque ela mexe com o papel da mulher na sociedade. A estrutura construímos ao longo do caminho. Ela pode ser dentro de uma outra secretaria ou, como a Secretaria Nacional, ligada diretamente ao gabinete executivo, no caso de Ijuí ao gabinete do prefeito. Isto lhe daria status de secretaria”, reiterou Rosana Tenroller. A Secretaria Nacional da Mulher foi citada como exemplo deste processo. “Quando foi implementada a 8 anos pelo governo Lula era apenas uma secretaria ligada ao gabinete presidencial. Seu trabalho e sua importância foi aumentando e agora, muito em breve, se tornará um ministério”, disse Rosana.
A proposta foi reforçada pelo Capitão Spagnol, representante da Brigada Militar. “Temos que iniciar o trabalho. Eu lembro que o processo com o trânsito foi muito parecido até chegarmos a implementação da coordenadoria de trânsito. É uma caminhada. O que não podemos é a cada final de semana verificar que um policial vai a mesma casa atender um caso de violência contra a mulher e depois que ela sai da delegacia, não existe nenhuma política pública de encaminhamento para a solução definitiva do caso”, disse. Dados recentes indicam que no ano passado foram atendidos no município 800 casos de violência, sendo que historicamente apenas 30% das mulheres agredidas chegam a fazer a denúncia. “Quantos destes casos chegaram até um encaminhamento final”, pergunta o Capitão Spagnol. Para Lúcia Crescente, é preciso pensar grande. “O mais importante é começar, cientes de que estamos em uma caminhada e que as condições nos iremos criando nessa caminhada. O importante e que cada um faça o seu papel e que nós tenhamos condições de avançar e enfrentar estes 800 casos e a coordenadoria é fundamental para isso”, afirmou.
A Delegada Jocelaine de Aguiar apoia a criação do órgão. “É um grande passo. Com a coordenadoria poderemos efetivar ações de atendimento e organizar a rede de proteção a mulher”. Luciene Friedrich, representante da OAB/Ijuí, também apoia a ideia. “É indispensável começarmos esta caminhada e a OAB estará presente dando sua parcela de contribuição neste processo”, disse.
Por fim, como encaminhamento e por sugestão da vereadora Helena Stumm Marder, o FPM tentará marcar a sua próxima reunião ordinária no Gabinete do Prefeito municipal para reforçar a defesa da criação da coordenadoria. O FPM tratou ainda da lei que tramita na Câmara de Vereadores e que trata da criação de um Fundo Municipal da Mulher e da alterações no Conselho Municipal da Mulher. Três questões foram apontadas pelo fórum. Uma delas é a manutenção da nomenclatura original do conselho como “Conselho Municipal dos Direitos da Mulher”. O fórum destaca a importância da participação de secretarias como as de saúde e educação e sugere ainda a incorporação de novas entidades ao conselho como a EMATER, a Brigada Militar, a CUT, a 17ª Coordenadoria de Saúde e de uma pessoa indicada pelo gabinete do prefeito municipal e que esteja ligada ao Grupo de Políticas Setoriais do município, fundamentalmente a questão de gênero. A outra questão é relacionada ao Fundo Municipal da Mulher. O Fórum entende que é preciso ampliar o conselho gestor, principalmente com uma representação da sociedade civil.
A reunião ordinária do fórum no próximo mês está prevista para o dia 15, mas deverá ser confirmada em função da agenda do prefeito Ballin.