Experiência inusitada, alimentar com trigo as vacas de leite, fez com que técnicos da Emater/RS-Ascar da Região de Ijuí e Porto Alegre e o vice prefeito de Pejuçara, Cirineu Mantovani, visitassem a comunidade Macuglia, interior do município, onde mora o produtor Luciano Villani.
Há três anos, Villani planta trigo da variedade tarumã em 28 hectares, mas apenas uma parte é colhida. Pouco menos da metade, 13hectares, é reservada para alimentar as 50 vacas que produzem leite. "As folhas do trigo têm muita proteína e energia e fazem as vacas produzirem mais leite", garantiu o produtor que chega a comercializar 272 mil litros de leite ao ano. "É uma das estratégias da região para a produção de leite", disse o assistente técnico de criações e forrageiras da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, Marcelo Brandoli.
"O trigo com duplo propósito não chega a ser uma novidade, pois já era utilizado na década de 60 ", disse o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Pedro Urubatan Neto da Costa. Contudo, prosseguiu Urubatan, "há produtores que estão retomando esse hábito com a vantagem de, agora, poderem contar com mais tecnologia".
Urubatan também chamou a atenção para o manejo que é feito na propriedade. "Cerca de 80% do esterco ficam ou retornam aos piquetes", exemplificou. "E podemos imaginar o que isso significa se levarmos em conta que as fezes de uma única vaca geram cerca de 60 kg de nitrogênio por ano, além da uréia", disse ele. "Eu não poupo no adubo", completou Villani, apontando para a esterqueira que possui na propriedade.
A grande quantidade de palha que o trigo produz e o formato das suas raízes ajudam a manter a umidade e a oxigenar o solo, disse Urubatan. "Cuidar da fertilidade do solo é uma preocupação que o produtor deve ter constantemente", disse ele.
Considerada uma das atividades prioritárias pela Emater/RS-Ascar e prefeitura, a produção de leite gera renda para cerca de 250 famílias de Pejuçara, município de pouco mais de 3 mil habitantes. Segundo a supervisora da Emater/RS-Ascar, Auria Schröder, o trabalho que os extensionistas Loiva Mittelstaedt e Paulo Zambra realizam no município "tem o objetivo de melhorar a gestão da produção de leite, diminuindo os custos e a penosidade do trabalho, e melhorar a qualidade do leite e de vida das famílias rurais".